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Trump ignora ordem judicial e deporta centenas de venezuelanos para El Salvador

Atualizado: 17 de mar.


EUA não identificaram presos nem apresentaram evidências de envolvimento em gangue
Venezuelanos deportados pelos EUA durante triagem pelo governo de El Salvador (Foto: Presidência de El Salvador)

WASHINGTON - O governo Trump desobedeceu uma ordem judicial e não interrompeu o transporte de mais de 200 venezuelanos deportados pelos Estados Unidos para El Salvador no fim de semana.


O presidente Nayib Bukele postou nas redes sociais que 238 homens - supostamente membros do grupo criminoso Tren de Aragua - haviam chegado na manhã de domingo (16) ao país, junto com outros 23 supostos integrantes da gangue Mara Salvatrucha (MS-13).


O desembarque em El Salvador ocorreu apesar de um juiz federal americano ter barrado deportações com base na lei do século 18 que o governo vinha usando como respaldo.


"Ops!... tarde demais", ironizou Bukele em uma rede social.


O presidente salvadorenho informou que os detidos tinham sido direcionados para o Centro de Confinamento de Terroristas de El Salvador (Cecot) "por um ano", período que pode ser renovável, o que sugere que eles poderiam permanecer presos por mais tempo.


"Os EUA pagarão uma tarifa muito baixa por eles, mas alta para nós", acrescentou.


Segundo a Associated Press, El Salvador teria concordado em abrigar cerca de 300 migrantes em suas prisões por um ano a um custo de US$ 6 milhões.


O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou a chegada dos supostos membros de grupos criminosos ao país centro-americano e agradeceu a Bukele, chamando-o de "o líder em segurança mais forte em nossa região".


Lei de Guerra


Na noite de sábado (15), o juiz do Distrito de Columbia James Boasberg havia ordenado a suspensão por 14 dias das deportações determinadas pelo governo Trump a partir da invocação da Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798.


A lei autoriza o governo a deter e expulsar, em tempos de guerra, indivíduos que ameacem a segurança do país, sem a necessidade de garantia do devido processo legal aos afetados.


A última vez em que ela havia sido aplicada foi durante a Segunda Guerra Mundial, contra cidadãos americanos de ascendência japonesa.


No sábado, Trump declarou que o Tren de Aragua estava "perpetrando e ameaçando realizar uma invasão predatória ou incursão contra o território dos Estados Unidos".


Dessa forma, o republicano ordenou que todos os cidadãos venezuelanos no país que tenham pelo menos 14 anos de idade, que sejam membros do Tren de Aragua e que "não sejam naturalizados ou residentes permanentes legais" sejam "detidos, presos e expulsos por serem estrangeiros inimigos".


A decisão presidencial foi suspensa pelo juiz Boasberg, que considerou que a lei não é aplicável neste caso, já que os EUA não estão em guerra.


Conforme o jornal The Washington Post, depois de saber que os aviões transportando os deportados haviam decolado o magistrado chegou a ordenar que as aeronaves retornassem.


Em comunicado, o governo venezuelano, por sua vez, rechaçou a decisão de Trump, considerando que ela evoca "os episódios mais sombrios da história da humanidade, da escravidão ao horror dos campos de concentração nazistas", informou a AP.


Direto à megaprisão

Um vídeo postado por Bukele nas redes sociais mostra fileiras de homens algemados sendo escoltados para fora do avião por agentes armados.


Alguns detidos sendo colocados na parte de trás de veículos blindados, enquanto outros, com a cabeça abaixada por policiais, são forçados a entrar em ônibus.


As imagens também exibem uma tomada aérea de uma longa e sinuosa escolta policial conduzindo os ônibus em direção à temida megaprisão de El Cecot.


O presídio de segurança máxima é um marco para Bukele e parte de seus esforços para combater o crime organizado.


Com capacidade para 40 mil pessoas, o presídio tem sido alvo de críticas de grupos de direitos humanos, que alegam que os presos são maltratados e que seus direitos não são garantidos.


Promessa de deportações em massa

O governo dos EUA não identificou quem são os homens enviados a El Salvador nem forneceu evidências de que eles eram de fato membros do Tren de Aragua ou que cometeram crimes nos EUA.


As deportações fazem parte da campanha contra a imigração ilegal, que tem sido uma das bandeiras do segundo mandato do presidente americano.


Em janeiro, ele havia assinado uma ordem executiva declarando o Tren de Aragua e a MS-13 "organizações terroristas estrangeiras".


Durante a campanha pela Casa Branca, Trump prometeu lançar a maior operação de deportação da história do país.


Até agora, o cronograma ficou aquém das expectativas, já que os agentes do ICE não cumpriram a cota diária de 1.200 prisões definida por Trump.


Um relatório recente revelou uma baixa no número menor de imigrantes deportados em fevereiro do que no mesmo mês do ano anterior durante o governo do democrata Joe Biden: 11 mil em fevereiro de 2025, em comparação com 12 mil em 2024.


** Com BBC **

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